sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Selecções Nacionais: Estamos a apoiar os atletas errados?

A selecção nacional portuguesa de futebol é sobrevalorizada, overrated, se quisermos usar os estrangeirismos tão comuns hoje em dia. Sinceramente gostaria de poder dizer melhor. Mas não posso. Ao contrário do que o nosso povo acredita, que deve ser um dos que no Mundo mais se preocupa e dedica a esse desporto, a principal selecção nacional portuguesa é uma das mais fracas do continente europeu. 

A melhor classificação portuguesa num Mundial foi um 3º lugar ganho no Mundial de 1966 decorrido na Inglaterra, depois de termos sido (desonestamente) afastados da final pela equipa da casa e depois batido a União Soviética. 

40 anos depois do desaire inglês vêm novo infortúnio no Mundial da Alemanha de 2006, onde a equipa dirigida por Luiz Felipe Scolari acaba afastada da final pela França e depois do 3º lugar pela equipa da casa - mais uma vez.

Em termos de Mundiais temos a seguinte lista de selecções nacionais que onde se comparam as finais ganhas com as finais atendidas (Finais Ganhas/Finais Atendidas): Brasil 5/7, Alemanha 4/8, Itália 4/6,  Argentina 2/5, Uruguai 2/2,  França 1/2, Inglaterra e Espanha 1/1, Holanda 0/3, Checoslováquia e Hungria 0/2, Suécia 0/1.

É com tristeza como nos apercebemos que países como a Suécia ou a Hungria ou até mesmo a já extinta Checoslováquia conseguiram ir a mais finais do que a selecção nacional, nem se fala em ganhar. Fala-se em ir. E Portugal não conta nessa conversa.

Já em termos de Europeus não nos saímos melhor, até hoje a única final atendida foi a "traumatizante" derrota na recém-construída Luz no Euro 2004 frente à Grécia. Com um Scolari que não conseguiu misturar o melhor de um Futebol Clube do Porto campeão europeu e internacional com o melhor que a escola Sporting Clube de Portugal alguma vez produziu (como Ronaldo ou Figo).
A lista usada acima para a prova máxima do futebol europeu em termos de selecções: Alemanha 3/6, Espanha 3/4, França 2/2, União Soviética 1/4, Itália 1/3, Holanda, Dinamarca e Grécia 1/1, Jugoslávia 0/2, Bélgica e Portugal 0/2.
Na História do futebol é isto que se conta sobre a magnífica selecção portuguesa que é, como sempre o foi, um conjunto de individualidades com nomes como Eusébio, Fernando Gomes, Figo, Deco e agora Ronaldo; dos quais foi sempre dependente para ultrapassar os obstáculos que encontra como como foram os casos mais recentes do hat-trick de Ronaldo contra a Suécia para o apuramento para o Mundial de 2014, ou do jogo contra a Arménia onde foi de novo o nº 7 a salvar a selecção.
Foto de Ronaldo a chorar durante a festa grega tornou-se um símbolo dos desaires da selecção na final do Euro 2004

Sem ser Cristiano Ronaldo a selecção portuguesa tem imensa atenção tendo em conta o pouco que faz, não fosse ser preciso um golo de cabeça do Miguel Veloso depois de um canto de Ricardo Quaresma aos 92 para impedir o empate contra a Albânia, incrível potência do futebol mundial... mas com tantas finais internacionais como nós.

Mas golos marcados ao último minuto não vão existir sempre, em jogos de tudo ou nada contra selecções difíceis ( o 4-0 da Alemanha no mundial provou que não há golos de todo). No entanto não é isso que irá impedir a comunicação social de filmar directos de entradas para o autocarro, do autocarro a chegar, dos atletas no aeroporto, das traseiras do autocarro (parece haver uma obsessão pouco saudável com autocarros), do seleccionador em conferências de imprensa, do jogo, dos comentários pós-jogo de jogadores e treinador, de comentários atrás de comentários programas que são mais fáceis de medir à hora do que ao minuto, e de recordar outras partidas com a dita selecção. É material para, mais coisa, menos coisa, uns 3 ou 4 dias.

Aí perguntamos: Não estamos a apoiar os atletas errados?
Poderia falar de tantas outras selecções que brilham (e mais importante, ganham) muito mais do que a A de futebol, como foi o recente caso da de futebol de praia.
Mas falo apenas da de sub-21. É futebol na mesma, estejais descansados. Mas faz o que a principal não faz: ganha. Depois de um excelente europeu, com episódios como um 5-0 à Alemanha, onde à baliza estava nada mais nada menos do que Ter Stegen, guarda-redes do Barcelona, titular na final da Champions, que se havia sagrado campeão europeu semanas antes; que foi perdido na final contra a Suécia já nos penaltis, fruto de um erro de William de Carvalho, jogador da selecção principal e titular no Sporting, mas que devido à idade pode ainda participar nos sub-21, apesar de ter mais do que 21 anos,.

Agora, esta jovem selecção volta a brilhar, e esmaga por 6-1 a Albânia (aquela de que nos safámos ao último minuto na selecção A).
Num jogo que, para variar, quase não se ouviu falar, e que não foi digna dos jornais (grande surpresa), contou para o apuramento do campeonato da Europa de 2017.

Em jogo jogado foi André Silva que esteve em destaque ao fazer um 'hat-trick' em menos de 20 minutos, com golos aos 43, 45 e 62, entre os 3-0 e os 5-0.
Portugal, que ao intervalo já vencia por 4-0, abriu o marcador pelo 'capitão' Ruben Neves (31), seguido de golo de Rony Lopes (36),  e um último de Ricardo Horta (70), que ainda sofreram um tento de Rachica (83). 

Ora isto faz-nos pensar: a selecção de sub-21 é considerada a selecção do futuro, mas custaria assim tanto apoiar estes atletas no presente? Não estamos a apoiar os jogadores errados? Melhor ainda, não estamos a deixar de apoiar os jogadores errados?

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