Esta noção não podia estar mais errada.
Neste post pretendo demonstrar não só como nunca existiu nenhuma União Ibérica, mas também como Portugal nunca perdeu a sua independência para a Espanha.
O Império Português
Após o período das Descobertas do século XV e a colonização dos territórios em inícios do século XVI o Império estava a enfrentar dificuldades em gerir os seus territórios: a escassa população portuguesa e a falta de recursos financeiros (principalmente por causa da corrupção existente na parte oriental do Império) tornou a administração imperial uma tarefa bastante árdua.Assim, numa jogada táctica, na segunda metade do século XVI Portugal vai-se tornar um Império principalmente marítimo e comercial.
Apesar da recuperação das rotas do Lavante (Índia-Arábia-Veneza), o Império mantêm o seu monopólio oriental sendo apenas afectado pelos ataques de corsários (piratas ao serviço do rei) ingleses, holandeses e franceses.
O Império Espanhol
O Império Espanhol aproveitava - na segunda metade do século XVI - a paz provisória com Portugal e o acordo sobre o espaço marítimo que teve com este (Tratado de Tordesilhas - 1497) para conquistar e espanholizar a sua parte do Mundo, dando principal atenção à América do Sul e Central desde da chegada de Cólon (Colombo) em 1492.
Assim, Espanha ocupa as partes não-portuguesas (não-descobertas, não-conquistadas ou não-povoadas) da América criando o Império Espanhol das Américas com extensão desde do actual Chile até à actual Califórnia e Florida (E.U.A), devastando todas as culturas que não respeitam a autoridade dos reis espanhóis e destruindo culturas e crenças milenares (incas, maias, astecas).
Beneficiando de uma população muito superior à portuguesa Espanha forma um vasto império territorial, no entanto, inalcançável sem a concessão imperial para a navegação em águas portuguesas.
Assim, Espanha ocupa as partes não-portuguesas (não-descobertas, não-conquistadas ou não-povoadas) da América criando o Império Espanhol das Américas com extensão desde do actual Chile até à actual Califórnia e Florida (E.U.A), devastando todas as culturas que não respeitam a autoridade dos reis espanhóis e destruindo culturas e crenças milenares (incas, maias, astecas).
Beneficiando de uma população muito superior à portuguesa Espanha forma um vasto império territorial, no entanto, inalcançável sem a concessão imperial para a navegação em águas portuguesas.
D. Sebastião, D. Henrique e a Crise Dinástica
A 11 de Junho de 1557 D. Sebastião, neto do rei falecido D. João III é coroado rei de Portugal e do Império Português aos apenas 3 anos de idade.
A sua avó- D. Catarina- assume a regência até aos 14 anos de idade de D. Sebastião quando este assume a governação.
O jovem rei sonhava em lutar contra os muçulmanos no Norte de África, expandindo a fé católica e a cultura portuguesa e criando o Quinto Império (o quinto império mundial da História registada - nunca chegou a ser alcançado).
Em 1578, o rei com idade de 24 anos parte para Marrocos, lutando em Alcácer Quibir.
Na batalha, o campo dos três reis, os portugueses sofreram uma derrota às mãos do sultão Abd al-Malik (Mulei Moluco) e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a D. Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Conta-se que, ao ser aconselhado a render-se, e a entregar a sua espada aos vencedores, o rei se tenha recusado com altivez, dizendo: "A liberdade real só há de perder-se com a vida." 8 Foram as suas últimas palavras, e é-nos dito que ao ouvi-las, "os cavalleiros arremetteram contra os infieis; D. Sebastião seguiu-os e desappareceu aos olhos de todos envolto na multidão, deixando ... a posteridade duvidosa ácerca do seu verdadeiro fim (em português arcaico).
D. Sebastião morreu assim novo, solteiro e sem descendentes pelo que o quem lhe sucedeu ao trono foi o seu tio-avô (filho de D. Manuel I) o cardeal D. Henrique.
Governando pelo curto período de dois anos, o rei-cardeal faleceu em 1580. Idoso e sem descendentes, a morte de D. Henrique criou um Crise Dinástica para a Sucessão ao Trono.
Os três candidatos ao trono
Surgiram, então, após a morte do rei D. Henrique três candidatos a lhe sucederem ao trono português:
- D. António, Prior do Crato - apoiado pelas classes populares que tinham como principal preocupação a continuidade do império e da independência nacional; neto ilegítimo do rei D. Manuel I através de seu pai D. Luís.
- D. Catarina, Duquesa de Bragança - apoiada por uma pequena parte do Clero e da Nobreza; neta legítima de D. Manuel tinha como principal obstáculo o facto de ser mulher.
- D. Filipe, Rei de Espanha (como Filipe II), Sicília, Holanda e territórios de Carlos V - apoiado sobretudo pela Burguesia e pela Nobreza; era filho do imperador Carlos V e da princesa portuguesa D. Isabel pelo que era neto legítimo de D. Manuel e reconhecidamente luso-espanhol.
Levando uma pequena armada, D. Filipe tenta entrar pelo estuário do Tejo, mas perde devido à grande defesa entre Caiscais-Oeira-Lisboa-Almada, cujos vestígios ainda hoje podem ser vistos.
Exigindo uma aclamação justa entre Cortes, D. Filipe ataca de novo pela Galiza e Estremadura Espanhola aonde destrói as defesas de D. António com um poderoso exército.
As Cortes de Tomar
Em 1581, através de inúmeros jogos de poder e corrupção, D. Filipe é aclamado pelas Cortes de Tomar como rei D. Filipe I de Portugal e do Império Português.
Assim, D. Filipe da Casa de Habsburgo é o rei com mais territórios no Mundo, pelo que disse que:
"No meu império o Sol nunca se põe".
No final da sua vida, D. Filipe I era rei de Portugal, Espanha, Países Baixos, Sicília e Nápoles e Inglaterra criando uma União Dinástica entre todos estes países.
Para acalmar os portugueses D.Filipe fez as seguintes promessas em Cortes:
- que Portugal continuaria um país independente;
- manteria a língua portuguesa como língua oficial;
- continuaria a cunhar e a usar moeda própria;
- que os altos cargos públicos (justiça, Igreja e administração pública) continuariam a ser desempenhados por portugueses em todo o Império.
D. Filipe manteve as suas promessas até ao fim da vida.
A Noção de União Ibérica
A noção de 'União Ibérica' nasceu apenas no século XIX fruto de especulações de membros da alta sociedade portuguesa e espanhola (principalmente filósofos, nobres e escritores) que imaginaram como seria a sua vida se os dois reinos se juntassem numa Federação à qual chamaram de União Ibérica.
Conclusão
Poder-se-à concluir que a União Ibérica nunca existiu.
Visto que o rei D. Filipe I era tanto português como espanhol e descendente do rei D. Manuel I.
Que D. Filipe prometeu manter a independência nacional e todos os seus factores separados dos espanhóis.
E que a União Ibérica foi uma noção criada trezentos anos mais tarde ao reinado de D. Filipe e da Dinastia Filipina que, com o tempo, foi erroneamente associada à terceira dinastia portuguesa.
Também podemos concluir que Portugal, Espanha e os restantes domínios de D. Filipe sofreram uma União Dinástica conjunta fruto de uma monarquia dualista.
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