sábado, 13 de setembro de 2014

A Primeira Grande Guerra revivida pelo Canal de História e National Geographic

A 15 de Setembro, dia em que a maioria dos estudantes portugueses regressa às aulas a Primeira Guerra Mundial trava-se de novo na televisão, criando, por sua vez, uma outra guerra, esta pelas audiências e trava-se pelo Canal de História e pelo National Geographic.
O primeiro emitirá às dez horas da noite de dia quinze os primeiros dois dos seis episódios da série Guerras Mundiais (The World Wars), indo os restantes para o ar nas duas segundas-feiras seguintes. O segundo, da National Geographic, será pela primeira vez visto em Portugal dez minutos depois, às 22 e 10, apenas um episódio da mini-série de cinco que serão emitidos semanalmente, nome Apocalipse: Primeira Guerra Mundial (Apocalypse: World War I).  

Tal como há cem anos não se sabia que lado iria conseguir vencer a Grande Guerra, também não se sabe qual será o lado vencedor desta Guerra de Audiências. Ambas aparentam ser de muita qualidade, algo que é uma mudança positiva para ambos os canais que lentamente mudaram a sua programação para substituir Ciência, Matemática e História por Penhores, Restaurações e Traficantes de Droga no Aeroporto JFK, para não falar de programas que têm pseudo-ciência, criaturas míticas e aliens como protagonistas.

As séries têm ainda algo que as faz, de uma forma positiva, diferentes de todos os outros documentários que apareceram e aparecerão: uma nova forma de olhar para a História.

Em Apocalipse: Primeira Guerra Mundial é falado apenas o conflito de 1914-1918, mas desta vez os filmes apenas de época (algo habitual nas séries do National Geographic) foram cuidadosamente coloridos, para nos aproximarmos mais do Universo de 1914:
"Olhamos, por exemplo, para as imagens de uma mulher com um cesto na mão e vemos ali a nossa mãe, o que não se sucederia se a imagem fosse a preto e branco"
Comenta Louis Vaudeville, presidente da produtora ClarkeCostelle & Co, responsável pela emissão da série no National Geographic Channel. 

Os cinco episódios de nome Fúria, Medo, Inferno, Raiva e Libertação trazem-nos assim o desenrolar da Primeira Grande Guerra nos seus quatro anos em imagens reais coloridas com uma tonalidade parecida com os postais da época chamada de Bélle Époque, como nos diz Josette Normandeau, canadiana do Quebeque colaboradora de Vaudeville.

Créditos de Imagem: National Geographic
Esta série do National Geographic foi pela primeira vez anunciado aos media no Imperial War Museum (Museu Imperial da Guerra/Museu da Guerra Imperial) na ala que tem agora uma exposição dedicada à Primeira Guerra Mundial.

Na outra trincheira da Guerra das Audiências, a série do Canal de História, As Guerras Mundiais, mostra-nos que a duas guerras mundiais de 1914-1918 e 1939-1945, foram na verdade um único acontecimento, explicando-nos como a primeira influenciou tremendamente os países, povos e personagens principais da segunda. Aliás, a principal preocupação dos seus produtores e consultores (os americanos Sally Habbershaw, da produtora A+E Networks, Russ McCaroll, um dos responsáveis pela programação do Canal História [um dos cavalheiros a falar sobre os penhores, pseudo-ciência e etc.], Steven Gillon, da Universidade de Oklaoma e Bernard de Gaulle, sobrinho deo Vieux Général) foi deixar claro que as duas guerras foram uma única continuidade.

Assim, o primeiro episódio com o nome de A Prova de Fogo começa com o assassinato do arquiduque austríaco em Saravejo, levando-nos também a conhecer a biografia de alguns jovens, que na sua maioria foram combatentes no conflito, que um quarto de século mais tarde haveriam de obter um papel principal no palco da Segunda Grande Guerra, nomeadamente: Winston Churchil, Adolf Hitler, Benito Mussolini, Charles de Gaulle, Franklin Roosevelt, George Patton, Douglas McArtur, Josef Stalin e Hideki Tojo. 

No segundo episódio O Preço da Glória que será emitido às 22 e 50 de dia 15, serão evocados o final da Guerra e o Tratado de Versalhes que instauraram a raiva no povo alemão que levou à subida ao poder de Hitler.

A Maré Sobe e Adensa-se a Tempestade a transmitir dia vinte e dois mostram-nos a crise financeira de 1929, a subida ao poder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazi), a ascensão de Estaline ao poder na URSS, e do militarismo japonês no regime de Tojo.

Nos episódios finais, Nunca nos renderemos e Finalmente, a Paz transportam-nos ao ataque de Pearl Harbor que levou os estadunidenses para a Segunda Guerra, acompanhamos a libertação da Europa e a Guerra do Pacífico, e introduzem-nos à Guerra Fria resultante do conflito de '39-'45.

A série, como é típico do História, mistura imagens reais com computorizadas com efeitos especiais, reconstituindo o ambiente com tons sinistros de época.
Para apresentar esta série, o Canal de História escolheu o sítio ideal: a carruagem irmã gémea daquela onde foi a 11 de Novembro de 1918 foi assinado o armistício da Primeira Guerra e onde a 22 de Junho de 1940 Hitler obrigou a que fosse assinada a rendição da França. Seria a verdadeira não fosse Hitler tê-la destruído também em 1940.

Só podemos esperar o melhor destas duas séries sobre a Guerra, com lições que será melhor não esquecer nestes tempos de agitação no Leste ucraniano e no Iraque, e que a História não se repita.

Fontes:
Canal de História - Versão Inglesa - http://bit.ly/1j7mGV2
National Geographic - Versão Inglesa - http://bit.ly/1o0FeZQ
National Geographic - Galeria - http://bit.ly/1rZTswj
Revista VISÃO - nº1123 - 11 a 17 de Setembro de 2014

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