No próximo dia 18 o povo escocês irá protagonizar um referendo que poderá pôr fim à sua união com a Inglaterra, Gales e a Irlanda do Norte e acabar de vez com o domínio da coroa inglesa nas Terras Altas.
Nessa data irá ser dada uma oportunidade histórica a 4,3 milhões de escoceses: a de decidirem por eles mesmos o futuro da sua pátria, oportunidade que muitos outros povos pediram e pedem, mas raramente lhes é concedida. A resposta que vai ser dada há simples pergunta: "Deve a Escócia ser um país independente." será uma bomba cujo o alcance irá muito para além da Grã-Bretanha, podendo vir a modificar severamente as fronteiras de toda a Europa.
Será de pensar que é fácil para uma pessoa tomar tal decisão, no entanto, as sondagens mostram que o povo escocês é extremamente indeciso no que respeita à sua independência: no inicio do ano os partidários do «não» tinham uma espantosa vantagem de cerca de dois terços, no princípio do mês passado eram apenas sessenta por cento aqueles que se recusavam a ser independentes, número que há três semanas baixou, passando a ter apenas uma ligeira diferença em relação ao «sim», que na última sondagem já estava em vantagem.
A razão para o aumento exponencial de independentistas - diz um estudo do YouGov - publicado a 1 de Setembro, é o último debate da BBC sobre este assunto em que o líder do Governo de Edimburgo Alex Salmond venceu, mais do que claramente, o seu oponente Alistair Darling, dirigente trabalhista, ex-ministro das Finanças do Reino Unido e rosto da campanha pró-União 'Better Together Campaign' ( numa tradução para português, a Campanha Melhores Juntos, que reúne todos os partidos e personalidades que defendem a actual configuração do território britânico).
Gráfico mostrando a proveniência dos fundos para as duas campanhas |
No entanto a explicação poderá ser mais simples: muitos escoceses defendem e querem a independência, mas vêem as crises e os problemas que esta pode causar à Escócia (apontados pelo «não» ), cenários de crise económica e política que não agradam a ninguém, aí entra o Reino Unido como uma maneira para escapar a todos esses problemas. Assim, no inicio do ano ganhava o Reino Unido. Mas então o «sim» contra-atacou: espalhando as inúmeras possibilidades para uma Escócia independente não referidas pelos unionistas. Ganha então agora a Escócia. Mas o facto de a luta estar tão equilibrada tão perto do referendo causa muitas incertezas, poder ir para qualquer lado.
Uma Irlanda do Norte, Versão Escócia
Shetland e Órcades assinaladas em vermelho |
Este constituído, sobretudo por anglo-saxónicos, ingleses que se tinham mudado para a Irlanda e exigiam a sua continuidade no Reino Unido; e por pessoas que preferiam continuar num país mais organizado, pois tendo a Irlanda de lutar pela sua independência não foi fácil organizar toda uma ilha.
O mesmo pode acontecer, mas agora no norte da outra ilha, isto se a Escócia for independente:
Os arquipélagos de Shetland e das Órcades, ilhas que estiveram sempre sujeitas a forte influência escandinávia. Situados no Mar do Norte estes dispõem de grandes reservas petrolíferas e habitantes e dirigentes locais ameaçaram não aceitar uma eventual independência da Escócia, e declarar a sua lealdade à coroa britânica.
Reconhecimento da Independência e Adesão à UE
Se a Escócia for independente não serão todos os países europeus que a irão reconhecer: países como a Espanha, a França, a Itália e a Bélgica com fortes problemas independentistas próprios deverão dificultar ao máximo o reconhecimento da independência escocesa e a sua adesão à União Europeia.
Muitos movimentos ganharão pois força com a independência escocesa fazendo com que esta seja uma bomba cujo o alcance irá muito além da Grã-Bretanha e poderá modificar profundamente a fronteiras europeias.
Mapa à esquerda: países que exigem a sua independência dos actuais estados na Europa.
Uma das mais fortes propostas de bandeira para um RU sem Escócia |
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