terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Charlie Hebdo - Parte II

Este é um artigo de opinião pessoal.

Já passou um mês dos ataques ao Charlie Hebdo, pelo que achei esta a melhor altura para escrever este artigo. Hoje Charlie não aparece nos jornais, nos cartoons, as manifestações voltaram a ser políticas ou futebolísticas, deixando de ser pela liberdade de expressão ou pelos direitos do cidadão europeu do século XXI.
A revolução do lápis não foi calada, mas calou-se; pelo menos nas ruas, esperemos que na cabeça das pessoas continue ruidosa.

No entanto, foi belo como durante umas semanas (quase) todas as pessoas - da esquerda à direita políticas, dos ateus aos mais religiosos, todos esqueceram as suas diferenças e concentraram-se naquilo que todos apreciavam: a liberdade.
O 'quase' acima deve-se àquele grupo de indivíduos, que por ignorância e não por malvadez - espero eu - gritavam ainda que eles "não podem ridicularizar as crenças das outras pessoas" e que "estavam a pedi-las". 

Este grupo de indivíduos não percebem que a civilização ocidental fundamenta-se em valores como a laicidade e a liberdade de expressão e que isso dá o direito a qualquer grupo de pessoas de ridicularizar as crenças de outro grupo de pessoas, ainda para mais num jornal que girava em volta disso. É sátira, mais do que só crítica - é a ridicularização de determinado assunto, levá-lo ao ridículo, enfim, torná-lo engraçado.

Esta tragédia serviu também (não graças aos nossos meios de comunicação que fazem de tudo para o abafar) para revelar a verdadeira do Islão. Sim, o Islão não é uma religião pacífica na sua génese, o Alcorão é um livro sagrado que (como tantos outros) apele ao seus próprios conceitos morais bastante violentos e imorais; Maomé foi um líder militar (como referiu José Rodrigues dos Santos na sua última entrevista à revista SÁBADO) que matou muitas pessoas durante o seu tempo de vida.

Como todas as religiões o Islão pode ser  bastante violento enquanto doutrina, mas tem lados pacíficos que são aqueles com que os muçulmanos ocidentais preferem viver, renegado aos conceitos de Jihad (entre outros) enquanto algo literal e concreto.
Esta vista pacífica e ocidental é vista por aqueles que seguem o Islão e os seus textos à letra como 'corrompida' e 'falsa', resultando em indivíduos apelidados de "fundamentalistas" e em estados como a Arábia Saudita.

Também serviu (ou deveria ter servido) para mostrar o nível de crença dos terroristas que é nulo. Pelo menos para com Maomé e Alá como seres reais e concretos. Pois se eles acreditassem neles como seres omnipotentes eles não precisavam de gritar "O Profeta foi vingado", nem precisavam de tomar acção pelas próprias mãos, apenas tinham que esperar, pois "coisas más acontecem aqueles que ridicularizam o profeta", e eventualmente infortúnios haveriam de acontecer aos dirigentes do Charlie Hebdo e Deus teria a sua vingança. Mas não. Eles não acreditam nisso. Eles não acreditam que o seu Deus seja real, por isso é que têm que "vingá-lo", pois sabem perfeitamente que se não forem eles, os cartoonistas viveriam uma vida normal e provavelmente longa, como qualquer outro ocidental.

Depois de Charlie, é importante não esquecer que é um direito e mais um dever do cidadão europeu exprimir os seus pensamentos em qualquer meio e forma que queira sem por isso ser perseguido ou censurado.


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