Este artigo está dividido em duas partes: a primeira parte que apresenta a o relato dos acontecimentos de dia 07 de Janeiro; e a segunda parte que inclui a opinião pessoal do editor.
O Charlie Hebdo é um semanário satírico francês que publica principalmente cartoons e piadas, gozando e ridicularizando vários assuntos e personalidades polémicas como o islamismo, o judaísmo, a Opus Dei, o Vaticano, o Papa ou o próprio presidente francês. O jornal assume-se como "irresponsável" e mesmo tendo sido por várias vezes processado, ganhou sempre em tribunal.
Em 2006 foi alvo de polémicas e manifestações por todo o mundo árabe e islâmico por republicar cartoons feitos por um jornal dinamarquês do mesmo género onde se via Maomé com as mãos na cara, a chorar, dizendo "é difícil ser amado por idiotas".
Em 2006 foi alvo de polémicas e manifestações por todo o mundo árabe e islâmico por republicar cartoons feitos por um jornal dinamarquês do mesmo género onde se via Maomé com as mãos na cara, a chorar, dizendo "é difícil ser amado por idiotas".
Em 2011 viu a sua redacção vítima de um atentado bombista do qual não houveram vítimas, na edição seguinte o título do semanário foi mudado para Charia Hebdo (Charia de Sharia a lei fundamentalista islâmica, e Hebdo do título original vem da palavra hebdominaire que significa semanário), e Maomé foi dado como o editor-chefe do qual apareceu uma caricatura na capa na qual o profeta muçulmano dizia: "100 chicotadas para quem não morrer a rir".
Esta capa foi ainda mais contestada porque é considerado pecado para os islâmicos fazer uma caricatura do profeta (um desenho em princípio não haverá problemas desde que a personagem tenha um véu a tapar-lhe a cara).
No dia 7 de Janeiro deste ano (2015) dois homens fortemente armados e preparados entraram na redacção do Charlie Hebdo (em Paris), matando 12 pessoas incluindo os principais cartoonistas do Charlie Hebdo: Charb (director), Cabu, Honoré, Tignous and Wolinski, o economista Bernard Maris e dois polícias (um dos quais muçulmano), ferindo onze pessoas, quatro das quais seriamente.
Durante o ataque ouviram-se as frases "Allahu akbar" (árabe para Alá [Deus] É Grande) e "O Profeta está vingado".
Os atacantes foram mais tarde identificados como Saïd Kouachi e Chérif Kouachi, dois irmãos que há muito planeavam o atentado a mando da Al-Qaeda na Península Arábica (a união entre as duas organizações terroristas do mesmo nome na Arábia Saudita e no Iémen) . Estes foram mais tarde mortos em tiroteio contra a polícia francesa.
O Ataque à redacção do Charlie Hebdo (em francês):
Os ataques criaram uma enorme onda de protestos por todo o mundo ocidental, havendo manifestações no dia seguinte nas maiores cidades da Europa e da América, lamentando a morte dos cartoonistas e proclamando que o ataque ao semanário é um ataque à liberdade de imprensa e de expressão.
Criou-se a frase Je Suis Charlie (Eu sou Charlie) que foi usada em todos os protestos e quando se transformou na hastag #jesuischarlie tornou-se a mais usada na história do Twitter.
Em Lisboa o presidente da câmara e diversas personalidades políticas seguram cartazes "Je Suis Charlie" |
No dia 11 (domingo) houve a manifestação de apoio ao Charlie Hebdo e a favor da liberdade de expressão em Paris que reuniu mais quarenta chefes mundiais (incluindo o primeiro ministro Pedro Passos Coelho e a presidente da Assembleia da República Assunção Esteves), e cerca de 3 milhões de pessoas, mais do que durante a Libération, a chegada das tropas aliadas a Paris em 1945,
Uma semana após os ataques o Charlie Hebdo lançará a sua próxima edição cuja capa já se conhece:
Acima lê-se: Tudo está perdoado. Abaixo: uma caricatura de Maomé com um cartaz "Je Suis Charlie".
Fontes (não referidas no texto):
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