sábado, 2 de agosto de 2014

O Tibete e os tibetanos: A História de uma Nação sobre ocupação chinesa

Quem é leitor regular do blog sabe que o Luso Carpe Diem não tem por hábito ter opinião sobre determinados assuntos, em particular políticos. No entanto esta é uma das posições que a organização toma: A independência pacifica do Tibete da China. Pode ler sobre outras defesas do Luso Carpe Diem na página Sobre.

Mas esta mensagem não é para justificar a nossa posição. Não é para dizermos porque é que o Tibete deve ser independente. Não. Esta mensagem tem por objectivo apresentar a realidade tibetana. Dar a conhecer ao leitor a História deste grande país desde do século II d.C  até ao presente.
[1] Citadela no vale Yarlung. Créditos Tibetlhasatours.com

A História do país do 'tecto do Mundo' começa em 127 a.C uma dinastia militar instala-se no vale de Yarlung - uma região específica em que o rio Yarlung encontra-se com o rio Chongye [1] situa-se a 183 km de Lhasa (a capital tibetana).


Por séculos o Tibete forma um vasto império de terras que se juntam a ele seja por conquista ou por influência cultural.

Em 617 da nossa era sobre ao trono tibetano o rei Songtsen Gampo - o 33º rei da nação tibetana que muda consideravelmente a estrutura da sociedade feudo-militar tibetana: Songtsen transformou o Tibete numa nação muito mais pacífica, criou o alfabeto tibetano, escreveu e estabeleceu o sistema judiciário tibetano baseado em princípios morais e num espírito de protecção e conservação da Natureza. Songtsen Gampo falece em 701 d.C. mas os seus sucessores continuaram a transformação cultural do império tibetano [2].
[2] O Império Tibetano

No século VII o Tibete torna-se o centro do lamanísmo (Budismo Tibetano) [3], tornando o reino ainda mais poderoso, um país pacífico em que a sociedade gira, não em torno da guerra, mas em volta dos princípios lamanístas de paz e humanidade.

Sendo desde sempre o Tibete alvo de cobiça por parte do Império Chinês, a China aproveita a época de pacifismo tibetano para invadir o império. (Ainda século VII)

Seguem-se dois longos séculos de luta tibetana pela independência que finalmente é alcançada em 1912. Nestes anos o Tibete deixa de ser uma monarquia passando a teocracia onde o Dalai Lama é o principal líder da nação, embora hajam também o Panchen Lama (nº2 do governo) e o Karmapa Lama (nº3 do governo).

Mas a paz é de pouca dura. Em 1950 o governo comunista da China maoista de Mao Tsé Tung - aquele é o maior assassino em massa da História Mundial - invade o Tibete que anexa como província. O país cujo o exército é quase inexistente (existem registos de um pequeno grupo de soldados com armas da 1ª Grande Guerra) fica praticamente à merecer do enorme exército chinês. Apesar do pedido do Dalai Lama ao povo tibetano para que não sejam feridos soldados chineses existe um pequeno grupo de resistência com armas artesanais (como facas e arcos e flechas) que faz pequenos ataques às forças invasoras, mas que obviamente têm muito pouco resultado contra os equipamentos militares de última geração chineses. A resistência é completamente esmagada, aqueles que não são mortos são tornados em presos políticos  e o Tibete fica sobre total controlo chinês no ano de 1959. (Este é comummente referido pelos tibetanos como "o ano em que perdemos a nossa liberdade).

Sua Santidade Tenzin Gyatso, o Dalai Lama
Como consequência da invasão, Tenzin Gyatso, o 14° Dalai Lama, retira-se para o norte da Índia, onde instala em Dharamsala um governo de exílio. Em 1965 o Tibete torna-se uma região autónoma da China.
Durante toda a História da ocupação chinesa do Tibete apenas existem alguns anos que tiveram (relativa) atenção intencional: entre 1987 e 1989. Como consequência, o governo chinês reprimem com violência qualquer manifestação (mesmo que pacífica) à sua presença. A China instala também uma política de colonização brutal, que viola os direitos humanos e é um genocídio cultural ao povo tibetano.

Em 1989 Tenzin Gyatso, o Dalai Lama é laureado com o Prémio Nobel da Paz.  Em Agosto de 1993 iniciam-se conversações entre os chineses e o governo tibetano no exílio, mas estas mostram-se infrutíferas.  Em 1995 Choekyi Nyima (de 6 anos) torna-se o novo Pachen Lama (nº2 do Governo no exílio) por ser reconhecido como a reencarnação do antigo Pachen Lama- como é costume no lamanísmo. Pequim espalha nesse mesmo ano propaganda a dizer que reconheceu a verdadeira reencarnação na pessoa de Gyaincain Norbu (também de 6 anos), filho de um membro do Partido Comunista Chinês.

A Dezembro de 1999 o Karmapa Lama, Ugyen Tranley, de catorze anos na altura, é obrigado a fugir do Tibete para a Índia por ser alvo de perseguições do Governo Chinês. A China tenta negociar o retorno do Karmapa Lama (possivelmente tencionavam fazê-lo preso político), mas devido às difíceis relações políticas entre a Índia e a China o governo indiano dá asilo político a Tranley. Esta fuga causou um grande embaraço ao governo chinês.

A Causa Tibetana teve o seu auge de atenção pública (até agora) no ano de 1989. Um ano que foi marcado por violência para com os tibetanos (como referido acima), pelo massacre na praça Tiananmen, e pelo Nobel da Paz atribuído ao Dalai Lama. Este passaria a ser recebido por chefes estrangeiros de todo o Mundo o que 'irritou' bastante o Governo Chinês (diplomaticamente, quando um Chefe de Estado é recebido por outro significa que o país que o recebe reconhece a independência do país e a legitimidade do governo recebido).

No entanto a China fez e ainda faz uma constante cruzada contra os direitos do povo tibetano à existência como nação. Desde do inicio de 1999 que o governo chinês lança campanhas para a difusão do ateísmo e para a destruição do nacionalismo tibetano: no Tibete são proibidas escolas ou creches que não as oficiais do Governo Chinês, é proibido exercer o lamainismo ou qualquer outro tipo de Budismo, é proibido falar tibetano, é proibido escrever tibetano, é proibido hastear a bandeira tibetana, ou qualquer outro símbolo nacionalista.

Acabemos com a tirania. Lutar pela independência do Tibete é lutar pelo direito humano à Liberdade!

Esta mensagem faz parte de um conjunto denominado 'O Tibete e os tibetanos'.

Fontes e outras referências a ler:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tibete
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lamanismo 
http://lusocarpediem.blogspot.pt/2014/07/a-direita-e-esquerda-politicas-e-sua-expressao-democratica-na-democracia-protuguesa.html
http://lusocarpediem.blogspot.pt/2013/08/as-manifestacoes-de-1989.html

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