domingo, 24 de novembro de 2013

A Mentalidade Renascentista

As nossas paixões são verdadeiras fénixes. Quando a mais antiga arde, renasce uma nova das cinzas da primeira.
- Johann Goethe

Com o aparecimento do Renascimento viria com ele um novo modo de pensar, uma nova mentalidade que seria as fundações para as modernas e contemporâneas. A esta inovação de pensamento dá-se o nome de Mentalidade Renascentista.

Esta mentalidade caracterizou-se fundamentalmente pela valorização do espírito Humano e por uma atitude de individualismo, tal como um grande interesse pela redescoberta das obras artísticas e literárias da Antiguidade Clássica, tendo também ficado marcada pelo Humanismo - o conceito do Mundo e da vida influenciado pela extrema valorização do Homem e das suas capacidades que deviam ser inspiradas nos modelos da cultura greco-latina.

A Mentalidade Renascentista também defendia uma grande abertura face ao Conhecimento, mas outras características também se destacaram neste modo de pensar:

  • o Classicismo - o principio que defende o regresso aos valores das épocas Grega e Romana, revivendo o mesmo estilo de arte, de literatura e de pensamento, voltando-se aos modelos clássicos.
  • o Individualismo - que defende que cada um deve viver intensamente a vida terrena, ambicionando sempre mais glória e fama, e que cada individuo deve de se afirmar tal como as sua realizações.
  • o Espírito Crítico - segundo este as pessoas deviam de recusar o saber livresco e dogmático, sendo atribuído mais valor à experiência e à razão - assim, tudo aquilo que não pudesse ser comprovado pela experiência e que a razão no pudesse compreender não deveria ser dado como verdadeiro - esta corrente filosófica dará origem ao racionalismo dos séculos XVII e XVIII.
  • o Universalismo - que diz que o Homem deve expandir os seus conhecimentos para todas as áreas do saber.

Foi através destes conceitos e da extrema valorização da experimentação que o modo de pensar da sociedade se alterou de tal forma que todos os campos do Conhecimento começaram a ser revistos - principalmente a Astronomia, as Ciências, a Geografia e a Química - formulando-se assim, novas teorias como a Teoria Héliocentrica, baseada nas observações de vários astrónomos como Galileu Galilei e de Nicolau Copérnico.  

Fruto também da Mentalidade Renascentista é o conceito do homem ideal. Este  deveria ser poeta, guerreiro, erudito, ter um físico "completo e perfeito", uma boa formação cívica, intelectual e física e saber diversas línguas:

[...]E quanto ao conhecimento dos fatos da natureza, desejo que tu te apliques com interesse, que não exista mar, rio, nem fontes do qual tu não conheças; todos os pássaros do ar, todas as árvores, arbustos e frutos das florestas, todas as ervas da terra, todos os metais escondido no ventre dos abismos, as pedrarias de todo o Oriente e, que nada te seja desconhecido. Então revise os livros dos médicos, gregos, árabes e latinos, os talmudistas e os cabalistas, e adquira perfeito conhecimento deste outro mundo que é o homem. E em certas horas do dia, comeces a estudar as santas escrituras, primeiramente em grego o Novo Testamento e as Epístolas dos Apóstolos, e depois em hebraico o Velho Testamento[...].
- Rabelais, Carta de Gargântua a Pantagruel, 1532


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